Nesses últimos dias desafiei meu humor e parei para ouvir, pelo rádio, a propaganda eleitoral. Confesso não ter traçado nenhum paralelo com qualquer outro meio de divulgação dos candidatos e deixo aqui o meu relato sobre essa mídia específica.
Achei muito engraçado, e digo que foi mesmo, pois a maioria dos candidatos utilizou personagens caricatos e “tipos” regionais em sua programação.
Gírias dos bairros mais afastados do centro (periferia), sotaque de outras regiões do estado e do país eram extremamente realçados nos quadros que seguiam. As músicas foram outra peculiaridade, sons nordestinos e o rap conduziam o ouvinte ao mundo proposto pelos candidatos, mas será esse o universo de todos os eleitores ou será apenas uma maneira de conquistar um possível voto?
Fiquei me perguntando isso durante alguns minutos e pasmei ao não entender.
Você deve se perguntar… o que ele não entendeu? Vos digo. A conquista do voto.
Nessas campanhas que escutei os personagens tem, em sua maioria, as características de gente pobre, de gente “ignorante”, de imigrantes e desfavorecidos. Nas suas falas sentimos esperança e pontinhas de frustração.
Mas será que um município com quase 11 milhões de pessoas (equivalente a um país europeu), será conduzido e conquistado por um candidato que vê a população dessa maneira?
Sim, vai. Não temos outras opções.
Mas o mais engraçado de tudo isso é que em nenhuma dessas propagandas há a promessa, como de costume, de mudanças fantásticas ou revoluções. Todos os “planos de governo” vão partir de onde as coisas estão agora e vão continuar o que está feito arrumando um detalhe aqui, um ajuste ali e nada mais.
Tive a impressão de que nenhum deles quer alterar o quadro dessa população “semi” de tudo. Parece ser mais fácil conquistá-los quando são assim. Percebi, também, que só se é possível falar com o povo do jeito que o povo é, então agora sei como os elegíveis nos vêem.